agosto 09 2022, 00:07
Maria Clara nasceu de parto normal humanizado. Ela foi direto para o meu colo, para o peito, tendo a hora de ouro, e ficou por um tempo até o corte tardio do cordão umbilical.
Na maternidade tive orientações de amamentação, apesar de diferentes umas das outras, aparentemente estava indo tudo bem. A pediatra para liberá-la deu fórmula mesmo sem o meu consentimento para seguir o protocolo da maternidade.
Maria Clara estava com uma semana de vida, cheguei no pediatra (não tinha feito uma consulta anterior para conhecê-lo), ele a examinou e pesou e sem a menor delicadeza me perguntou se eu não havia notado a perda de peso dela. Eu, mãe de primeira viagem, em pleno puerpério, disse que não, ela mamava no peito (pelo menos eu achava que ela estava), não chorava de fome, dormia bem para o esperado de uma recém nascida. Ele me disse que meu peito e leite era o que menos importava e receitou fórmula sem nenhuma empatia ou delicadeza. ⠀⠀⠀⠀⠀
Mal fechei a porta do consultório e chorei, chorei muito! Como dói nosso coração no início, pelos nossos medos e inseguranças. Amamentar parece tão fácil, tão natural, realmente não somos preparadas para isso, amamentar é difícil e não é nada romântico como aparece nas cenas de filmes! Me preparei para o parto, mas não para a amamentação.
Minha doula Aline Kiss foi para minha casa, ficou horas e dias comigo, me ajudando, me acolhendo, me incentivando. Aluguei uma bomba, tirava o leite e dava por relactação (com sonda), copinho, colher. E por última tentativa a mamadeira quando nenhuma das anteriores davam certo. Em uma semana fui a três pediatras. A levava para pesar a cada dois dias. Fizemos avaliação com uma fonoaudióloga, a querida Kely Carvalho que me orientou e nos acolheu, nos deu força e empatia!
Foi muito difícil. Dor, bico rachado, cansaço, ela chorando, eu chorando a cada mamada. ⠀⠀⠀
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E assim foram 3 meses de relactação para a Maria Clara aprender a mamar no peito, para o tempo dela ser respeitado. Estava quase desistindo, me questionava se estava sendo egoísta por querer amamentar, muitas vezes me culpava. E um dia ela começou a mamar lindamente. E assim foi por 2 anos e 10 meses.
Seguindo as orientações da Bianca Balassiano, fizemos um desmame lento e gentil com muito amor e respeito. No NOSSO tempo!
Agradeço muito a minha mãe e ao meu companheiro José Augusto Tavares que ficaram firmes ao meu lado, me apoiando no meu modo de exercer a minha maternagem. ⠀
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Agradeço o profissionalismo e dedicação da Aline e da Kely, vocês foram muito importantes, sinto uma gratidão enorme por vocês.
E para quem quer AMAMENTAR: leia muito na gravidez, procure grupos de amamentação, consulte um pediatra ainda na gestação, tenha um pediatra que incentive a amamentação, respeite sua vontade, escute o seu coração. E se depois de tudo o que fizer até o seu limite, não deu certo, tudo bem! Você não é menos mãe por isso! Não se culpe e não se cobre, acolha a si mesmo, acolha a mãe ao seu lado, com amor, sororidade e empatia.
Texto por Adriana Drummond – mãe da Maria Clara, fisioterapeuta, educadora física, dançarina, professora de dança materna, instrutora de shantala e parceira Mãe-Estar.
Roberta Vieira - 31/03/2023
Que texto incrível! Parabéns pelo trabalho. Sou fonoaudióloga e trabalho com adolescentes em sofrimento psíquico. Sempre penso que muitas das "minhas" adolescentes serão mães. Meu trabalho é, al de olhar para elas, preparar maternagem que um dia virá... e cuidar da constituição linguistica dos bebês que virão. É assim, um trabalho de promoção de saúde. Me identifiquei muito com seu texto e sua trajetória.
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