outubro 11 2023, 01:13
Quando as pessoas pensam no mês de outubro, logo vem à mente o famoso Dia das Crianças. É nessa hora que muitas correm às lojas para comprar os presentes de seus filhos. No entanto, em outubro ocorre uma outra data extremamente importante: o Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado hoje, dia 10 de outubro. E, embora, ambas as datas pareçam não estar relacionadas, elas estão – e muito.
Quem tem filhos sabe o quanto é importante estar com a mente tranquila e adotar estratégias assertivas para lidar com o dia a dia cheio de desafios que é cuidar de crianças, além de todos os outros papeis. Porém, muitas mães acabam não priorizando sua saúde mental, o que impacta no emocional delas e, consequentemente, no dos filhos também.
Muito mais do que a ausência de transtornos psicológicos, a saúde mental envolve um cuidado com os aspectos emocionais da vida, como um todo. As emoções regem praticamente todas as escolhas, interações, sentimentos e pensamentos das pessoas, por isso é preciso cuidado. E, no caso das mães, é preciso sim priorizar e cuidar do coração e da mente.
Existe muita sobrecarga na vida de todas as mães, e isso se deve ao fato de que sim, as mães são mais cobradas pela educação e felicidade dos filhos, além do que historicamente é sobre a mulher que pesa a função do cuidado de todos ao redor. A divisão de tarefas entre os pais da criança é, em geral, bastante desigual. O ponto é que nós mulheres avançamos muito na conquista por espaços e representatividade no mercado profissional, porém, continuamos acumulando funções e carga mental que tornam-se adoecedoras. Um custo emocional para a mulher e família e um custo gigantesco do ponto de vista econômico e social.
Com esse contexto como pano de fundo, é importante intensificarmos a mensagem às mães, mas em especial, a todas as pessoas que não são mães e não conhecem a profundidade e impacto deste desgaste.
O letramento, quando falamos em saúde mental materna e todos os seus impactos, é de extrema importância. E diretamente às mães, continuamos reforçando a importante mensagem do quão importante é olhar para dentro: para além do papel materno, priorizar-se e buscar respeitar seus limites, alimentar seus desejos e ser gentil consigo mesma: é preciso lembrar que são humanas e ao invés de orgulharem-se da SUPER MÃE que sim são e dão conta do impossível, é refazer os combinados, a parceria, a rede de apoio e optar pela saúde emocional e bem-estar e não por um título de super heroína que é pesado demais para carregar.
Existem algumas atitudes que podem ajudar no cuidado com a saúde mental materna:
– Busque uma rede de apoio e não tenha vergonha de pedir ajuda;
– Não se culpe quando as coisas dão errado ou pelo comportamento dos filhos. Crianças tem dias ruins, passam por fases diferentes de desenvolvimento e nem sempre conseguem expressar com clareza o que querem;
– Vivencie a maternidade como ela é. Não romantize o papel de mãe, pois isso é desumanizador. Aceite os dias ruins tanto quanto os bons e saiba que, se houver amor e dedicação, você está fazendo seu melhor;
– Busque ajuda especializada – Não há nada de errado em buscar apoio psicológico e, na realidade, todos deveriam recorrer a esse profissional. É ele que vai ajudar a melhorar e desenvolver o autoconhecimento e essa é uma ferramenta essencial para todos os seres humanos;
– Tente viver a maternidade com leveza – Vire criança de novo e brinque com seus filhos, não dê tanta importância para uma pia suja, que pode ser limpa depois. Não se cobre tanto e aproveite o tempo que têm para vivenciar com presença a infância dos seus filhos.
Lembre-se que antes de cuidar, você precisa ser cuidada e nada melhor do que você mesma para pensar nas suas prioridades, sonhos e desafios.
Por Cintia Ferreira, colunista da Mãe-Estar.
Roberta Vieira - 31/03/2023
Que texto incrível! Parabéns pelo trabalho. Sou fonoaudióloga e trabalho com adolescentes em sofrimento psíquico. Sempre penso que muitas das "minhas" adolescentes serão mães. Meu trabalho é, al de olhar para elas, preparar maternagem que um dia virá... e cuidar da constituição linguistica dos bebês que virão. É assim, um trabalho de promoção de saúde. Me identifiquei muito com seu texto e sua trajetória.
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