maio 06 2021, 15:52
Quarentena que parece não ter fim, notícias devastadoras todos os dias, a angústia, o medo, a tristeza, o cansaço… Essa pandemia, definitivamente, está deixando efeitos colaterais pesadíssimos, que vão muito além da situação econômica desafiadora.
A nossa saúde mental é testada todos os dias, mexendo diretamente com nossos hábitos e qualidade de vida.
Um dos reflexos da pandemia é o crescimento no consumo de bebidas alcoólicas, sobretudo entre as mulheres, como constatou uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
Aliás, mesmo antes de a pandemia acontecer, o aumento do consumo abusivo de álcool pelo público feminino já havia sido reportado (entre 2010 e 2019, foi de 10,6% para 13,3%).
Considera-se consumo abusivo 4 doses ou mais para mulheres e 5 doses ou mais para homens.
Segundo o estudo da Fiocruz, que procurou avaliar de que modo a pandemia estaria impactando o modo de vida do brasileiro, o aumento do consumo de bebidas alcoólicas foi apontado por 17,7% das mulheres entrevistadas. Ao que tudo indica, o estresse, a ansiedade, a depressão e a sobrecarga mental são fatores que levam o público feminino a beber mais.
Em outros países, parece que esta tendência também vem ocorrendo. Uma pesquisa feita pela edição britânica da revista Women’s Health, por exemplo, mostrou que 33% das entrevistadas aliviam o estresse causado pelo lockdown bebendo mais do que costumavam beber. Em parte, o fato de ter bebida em casa, uma vez que bares estavam fechados, também tornou o hábito mais corriqueiro.
Outra pesquisa, publicada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), feita nos países da América Latina e Caribe (pouco mais de 30% dos pesquisados eram brasileiros), mostrou que 35% dos entrevistados — de ambos os sexos — aumentaram a frequência de episódios de consumo abusivo de álcool.
“Mas já querem controlar meu vinhozinho?”, você pode estar pensando. Não é isso. O fato é que as consequências do exagero na ingestão do álcool sobre as mulheres é ainda mais preocupante, pois somos mais sensíveis a ele. Isso tem uma explicação fisiológica. Uma vez que possuímos menor quantidade de água no nosso corpo do que os homens, o álcool fica mais concentrado, fazendo com que seu efeito tóxico seja mais acentuado. Sem falar que o nosso organismo demora mais para metabolizar a substância do que o dos homens. Então, não é a tacinha eventual de vinho o problema e, sim, o uso abusivo. De acordo com os especialistas, as mulheres podem ter maiores problemas com a dependência exatamente por conta dessa diferença biológica com relação aos homens.
Para aliviar o estresse e a tensão causados pela pandemia sem recorrer ao álcool, reuni algumas dicas minhas, de leitoras e de especialistas. Veja só:
Roberta Vieira - 31/03/2023
Que texto incrível! Parabéns pelo trabalho. Sou fonoaudióloga e trabalho com adolescentes em sofrimento psíquico. Sempre penso que muitas das "minhas" adolescentes serão mães. Meu trabalho é, al de olhar para elas, preparar maternagem que um dia virá... e cuidar da constituição linguistica dos bebês que virão. É assim, um trabalho de promoção de saúde. Me identifiquei muito com seu texto e sua trajetória.
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