maio 05 2021, 01:13
Muita gente já me acompanha aqui no Mãe-Estar há algum tempo, mas nem sempre sabe como ele funciona no dia a dia, nem a mudança que ele gerou em mim como mulher, mãe, profissional, ser humano…
Já falei algumas vezes, desculpe se estou sendo repetitiva, mas criei o canal em 2018, durante o puerpério da minha primeira filha Giulia (sim, em pleno puerpério eu acabei criando um “segundo filho”!) Ele surgiu da necessidade de tentar entender melhor essa aventura que é a maternidade. Afinal, ser mãe não é só pisar em legos de vez em quando. É bem mais complexo que isso.
Quando minha filha nasceu, achei que daria conta de tudo com o pé nas costas. Já gerenciava projetos difíceis, fazia tantas coisas ao mesmo tempo. Cuidar de UMA bebê seria moleza. É só uma bebê, certo? Errado. Ser mãe se revelou algo bem mais puxado e difícil do que qualquer coisa que já fiz na vida. É delicioso ser mãe, mas tem inúmeros desafios que, muitas vezes, ninguém te conta. Então, quando vi que estava desbravando um mundo completamente novo, me deparei com a dificuldade em encontrar boas informações pelas redes sociais, que é por onde a gente navega boa parte do dia. Via muita coisa que não fazia sentido e não sabia se dava para confiar em tudo o que lia sobre amamentação, saúde mental da mãe, cuidados com o bebê, criação dos filhos… Cada um falava uma coisa diferente, o que me gerava uma angústia e muitas dúvidas.
O Mãe-Estar, então, veio da necessidade de compartilhar essas questões da maternidade real, com informação de qualidade e claro: acolhimento e muito amor! E, como tenho acesso a profissionais que são referência, uma vez que já trabalhei em grandes hospitais — e ainda trabalho –, era muito mais fácil conseguir acesso aos melhores profissionais. Daí nasceram os primeiros vídeos no YouTube (hoje são mais de 90 vídeos), depois, os outros canais, como Instagram e Facebook e, claro, esse site aqui!
Hoje, olhando pra trás, vejo que sou completamente diferente do que era antes de criar o canal e isso se tornou uma paixão na minha vida. Se antes eu romantizava muito a maternidade, achando que daria conta de fazer tudo do meu jeito (sai pra lá, pitaco!) e sem ajuda, agora vejo o quanto é importante a tal da aldeia, tão necessária para criar nossos filhos. Aliás, cada vez mais eu agradeço por poder ter essa aldeia boa parte do tempo! Este foi meu primeiro aprendizado. O segundo é que só consegui entender minha mãe depois que virei mãe. A gente tinha um relacionamento difícil, algumas feridas do passado, mas a maternidade me ensinou que a minha mãe foi a mãe possível para mim, com os recursos que ela tinha e como sou grata a mãe maravilhosa que deu conta de tudo, com pouquíssima rede de apoio e que se tornou a personagem principal da minha rede de apoio.
Com as informações que busquei para produzir conteúdo para o Mãe-Estar, minha vida também se tornou bem mais fácil. Pude aplicar tudo o que aprendi com a Giu e com a Pietra, minha segunda filha, em termos de amamentação, por exemplo. Além disso, a experiência com o segundo parto, graças a tudo que aprendi nessa jornada, foi muito melhor do que com o primeiro. E mais: aprendi a respeitar e ter mais empatia com o mundo das tentantes e das mulheres que tiveram perdas gestacionais. Coisas que eu não vivi, mas que ao mergulhar em investigação e conhecimento, passei a entender melhor e abrir espaço para que estas vivências pudessem fazer parte da minha vida e serem compartilhadas. Temas tão delicados e tão ignorados.
Ter contato com muitas mulheres, criar uma rede de ajuda mútua me motivam a continuar a fazer o Mãe-Estar crescer, apesar da correria do trabalho, apesar das demandas da vida em família com duas pequenas. Maternidade não é só sobre cuidar de filhos. É abraçar o cansaço da mãe, das angústias da que quer ser mãe e não conseguiu ainda, da dor daquela que continua sendo mãe, embora seu filho não esteja mais em seu ventre ou nos seus braços. Maternidade é muito mais amplo do que o fazer e fazer e fazer do dia a dia, e merece muito respeito e um olhar carinhoso.
Com a ajuda de leitoras, que também dividem suas apreensões comigo, seja por meio do Instagram, do YouTube ou mesmo nos grupos de Whatsapp que temos, consigo trazer algumas respostas para diversas necessidades maternas. E a ideia é trazer cada vez mais. Precisamos falar muito sobre a saúde mental da mulher, que passa por abundantes desafios, desde os simples cuidados com o bebê até as suas questões pessoais mais intrincadas. Meu objetivo é tornar o Mãe-Estar cada vez mais uma ponte entre profissionais de referência e mulheres que estão em busca de conteúdo de valor, além de conectar mães, gestantes e tentantes que se apoiem. Porque aldeia, aprendi com esta pandemia, não é só um grupo de corpo presente. Ela pode ser muito mais ampla e rica do que imaginamos, desde que possamos confiar umas nas outras e darmos as mãos. Ainda que no mundo virtual.
Ahh antes de terminar, só uma coisa… é muito bom te ter aqui! Que nossa troca possa fazer da nossa maternidade uma trilha mais leve e gostosa de ser percorrida.
Grande beijo,
Aline Pedrazzi
Por Aline Pedrazzi, mãe da Giulia, idealizadora do Mãe-Estar, sonhadora e otimista por natureza, não mede esforços pra ver o mundo melhor! Rica contribuição da jornalista Veridiana Mercatelli.
Roberta Vieira - 31/03/2023
Que texto incrível! Parabéns pelo trabalho. Sou fonoaudióloga e trabalho com adolescentes em sofrimento psíquico. Sempre penso que muitas das "minhas" adolescentes serão mães. Meu trabalho é, al de olhar para elas, preparar maternagem que um dia virá... e cuidar da constituição linguistica dos bebês que virão. É assim, um trabalho de promoção de saúde. Me identifiquei muito com seu texto e sua trajetória.
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