Mãe-Estar

maio 05 2021, 01:13

Ciúme entre irmãos

A chegada de mais um membro na família pode ser muito prazerosa, mas também pode trazer alguns desconfortos para a criança que já estava lá, principalmente porque o mais velho não aprendeu a dividir a atenção dos pais.

COMO COMEÇA?

O ciúme do mais velho para com o mais novo começa quando ele sente medo de não ser mais amado, de perder o amor dos pais para o irmãozinho.

Conforme o bebê vai ocupando mais tempo dos cuidadores, o mais velho pode ficar com medo de ficar abandonado ou de perder alguns privilégios.

O QUE ACONTECE?

Durante a gravidez da mãe, o filho mais velho pode ficar na expectativa, querendo muito conhecer o irmãozinho que ainda não nasceu.

Porém, após perceber como fica o dia a dia, pode apresentar alguma mudança em seu comportamento.

Dos mais comuns, temos a agressividade e a introspecção.

A agressividade pode vir direcionada aos pais, ou diretamente ao irmãozinho.

Na introspecção, o mais velho pode começar a fazer xixi na cama (enurese), a ter dificuldades alimentares ou escolares e até mesmo tiques. Também é comum que o mais velho comece a apresentar comportamentos mais infantilizados, como:

• falar como um bebê

• dizer que não sabe algo que já havia aprendido

• requisitar ajuda com algo que conseguia fazer antes… Tudo numa tentativa inconsciente de ter a atenção dos pais para suprir uma dependência, assim como o bebê.

O QUE NÃO AJUDA?

• Colocar o filho mais velho como cuidador frequente do bebê, pois ele também é uma criança e não tem a responsabilidade de cuidar de alguém.

• Se o filho mais velho for requisitado com frequência, a cuidar do pequeno ou de pegar objetos para quem está com o bebê no colo, pode ficar cansado/entediado e ainda mais incomodado com a presença do irmãozinho.

• Brigar ou punir o mais velho por fazer xixi na cama (ou por outros comportamentos) não vai fazê-lo se sentir amado.

• Comparar os irmãos também não ajuda. Primeiro porque são pessoinhas diferentes, cada um com seu jeitinho e suas qualidades individuais. Segundo, porque pode aumentar, no mais velho, um sentimento de competição com o bebê, o que não é favorável para um relacionamento harmonioso entre eles e, consequentemente, no lar.

• Demonstrar preferência por algum dos filhos não ajuda. É comum existir afinidades entre pais e filhos, mas é preciso tomar cuidado para não despertar rivalidades!

• Acumular outras mudanças na rotina. Por exemplo: se os pais precisarem de ajuda da avó para ficar com o mais velho, ao invés de levá-lo à casa da avó, tente conversar para trazer a avó para a casa da criança.

COMO LIDAR?

Antes do bebê nascer, é importante ir conversando com o maior sobre como é ter um bebê na casa, pois ajuda o maior a “visualizar” o novo integrante como fazendo parte da família. Assim, após o nascimento, as novidades são menores.

Pode-se falar sobre:

• onde o bebê vai dormir

• que a mamãe vai dar de mamar para o bebê várias vezes por dia

• que o bebê vai chorar bastante

• que vai precisar trocar a fralda no trocador ou na cama

• que o bebê vai ficar feliz ao escutar o maiorzinho contar historinhas para ele…

Importante acolher e nomear sentimentos.

• Se o mais velho disser que não consegue fazer algo que conseguia anteriormente, uma boa estratégia é nomear para esta criança o que está acontecendo. Por exemplo:

“Eu sei que você consegue colocar seu tênis sozinho, filho, mas você quer a mamãe/papai por perto para cuidar de você também, né? Vamos fazer assim: eu coloco um tênis e você coloca o outro”.

• A melhor coisa que os pais podem fazer é deixar claro que existe amor para todos!

• Um ótimo jeito de fazer isso é fazendo coisas juntos, o que também contribui para reforçar os vínculos entre o primogênito e os pais. É importantíssimo reservar tempo para estar apenas com o filho mais velho!!

• O mais velho pode participar de decisões sobre as mudanças.

• Lembrando que “participar” não é “comandar”, é “seguir junto” com os adultos, e não “dar ordens” aos adultos.

• Por exemplo: o mais velho pode ajudar a decidir:

– qual macacão o bebê pode usar para passear

– qual boné ele mesmo (o mais velho) vai usar para sair

– do que vamos brincar primeiro, se com o brinquedo A ou com o jogo B…

• Ajudando os adultos em coisas pequenas, mas que ele dá conta, o filho mais velho pode se sentir útil e sentir que ainda tem Uma boa ajuda é incentivar a admiração mútua entre os membros da família, elogiando pontos fortes de todos.

FORTALECENDO VÍNCULOS

• Uma boa oportunidade é reservar um tempo para jogar algum jogo em que todos participem, os jogos de tabuleiro são ótimos para isso!

• Criar trabalhos em equipe familiar, como fazer uma torta, onde o papai corta os legumes, o mais velho coloca na panela, o papai liga o fogão, depois o mais velho ajuda a mamãe a misturar os ingredientes, colocar na forma…

• Se tiver alguma data comemorativa próxima, também pode ser uma boa oportunidade para projetos entre os pais e os filhos, como:

– fazer ovos de pascoa em casa

– comprar/pendurar enfeites para o Natal

– preparar uma lembrancinha para o aniversário de alguma tia ou para o dia dos professores… A internet está cheia de inspirações!

DICA PARA AS MAMÃES E PAPAIS:

Terão momentos em que não será possível atender os dois ou três filhos ao mesmo tempo. Um vai acabar sentindo falta de um pouco mais de colo.

A notícia boa é que está tudo bem, pois a criança tem a oportunidade de entrar em contato com a frustração de não ter seus desejos plenamente atendidos na hora em que deseja. Já é um treino para as diversas situações da vida adulta em que não temos tudo o que queremos e na hora que queremos.

Nem sempre as mães/pais precisam dar conta de tudo e as crianças podem entender, elas não vão deixar de amar os pais por causa disso.

Autoras: psicólogas Letícia Paranhos R. D. Coelho e Cristiana Castanho de A. Rocca, Serviço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – SP

Texto elaborado com a intenção de ajudar os pais. Não visa substituir atendimento profissional.

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Roberta Vieira - 31/03/2023

Que texto incrível! Parabéns pelo trabalho. Sou fonoaudióloga e trabalho com adolescentes em sofrimento psíquico. Sempre penso que muitas das "minhas" adolescentes serão mães. Meu trabalho é, al de olhar para elas, preparar maternagem que um dia virá... e cuidar da constituição linguistica dos bebês que virão. É assim, um trabalho de promoção de saúde. Me identifiquei muito com seu texto e sua trajetória.

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